Em uma análise de 2 linhas poderia dizer que Sense8 é uma brincadeira de diversidade que mostra o quão próximos estamos um dos outros!
Na verdade ele é isso e muito mais, vivemos na pele dos 8 protagonistas (na verdade 10, mas chego lá) como as conexões que nos mantém “humanos” são frágeis e ao mesmo tempo poderosas o bastante a ponto de sermos “outra espécie” quando nossa empatia é elevada a um nível de compreensão do outro e a conexão dessas emoções, sentimentos, experiências são a porta de entrada para uma coisa muito maior; Uma compreensão do universo que somente a diversidade de cada personagem pode mostrar quão realmente somos iguais.
A idéia da série passa pela concepção que dentro da espécie humana a falta de empatia ou nossa apatia geral é o que vai nos levar a destruição, não há hoje ou nunca houve uma real compreensão entre os indivíduos de nossa espécie e agora com a evolução está surgindo uma nova espécie, capaz de se “conectar” em um outro nível onde se pode compartilhar emoções, conhecimentos e experiências!
O que a série nos trás é que todos nossos problemas por mais singulares que se apresentam são universais pois em determinado momento todos nos temos escolhas a fazer, decisões que iram afetar nossa vida bem como a vida daqueles que nos cercam.
Para falar da série passamos primeiro pela direção e roteiro dos irmãos Wachowski (Matrix, Jupiter Ascending) que até o presente momento, pois com eles eu fico com um pé atrás dado a tendência deles a “desandar a maionese”, está ótima beirando a primazia, os subtextos na obra são tanto um choque de realidade quanto um Wake up call para que nós, enquanto humanos, tenhamos tempo de rever nossos conceitos!
Passando pelos protagonistas que afinal são 8 – por isso Sense8 (afinal o trocadilho não seria o mesmo com esse nome e 2 protagonistas por exemplo…) as atuações são convincentes e bem dirigidas, a série se propõe a fazer esse exercício de empatia com os personagens e você se vê na pele deles!
O destaque ao meu ver vão para Aml Ameen (Capheus) como também para Miguel Ángel Silvestre (Lito) e Doona Bae (Sun Bak) não deixando de falar nos outros 5 protagonistas que estão muito bem nos devidos papéis.
Se lembra que falei 10 protagonistas? Sim, porque apesar de Naveen Andrews (Jonas) que é um ator conhecido por Lost estar na série junto com Daryl Hannah (Blade Runner, Kill Bill) meus outros 2 “protagonistas” são Freema Agyeman (Anita) que é o par romântico da nossa transexual/ hacker Nomi Marks (vivida pela atriz Jamie Clayton) e também uma menção “honrosa” ao trabalho do ator Alfonso Herrera (ex Rebeldes!) que faz também par romântico com Miguel Ángel Silvestre!
Pelos pares românticos já falados vale salientar que as cenas entre eles comparados com a novela da globo é brincadeira de passar anel (trocadilho não intencional) dentro desta série, há beijos e cenas de relações homossexuais beirando o “soft porn” tudo isso na tela tanto para chocar a audiência quanto para mostra que o amor entre os personagens é mais do que simples atração física.
Temos momentos cômicos, cenas de lutas a lá matrix (Sun Bak kick ass!) e tudo isso leva a tão poderosa conexão que esses 8 personagens vão desenvolvendo na primeira temporada onde seus status, raças, experiências e até geografias servem não para diferencia-los mas para enaltecer ainda mais esse ponto comum entre todos.
Sobre as cenas de “luta” fica aqui até uma piada dos irmãos Wachowski, onde o Lito que é um ator de filmes de ação faz uma cena de ação com direito a vermos cabos de suspensão com muito sangue caras e bocas dos atores, tudo isso para desmistificar e trazer a “realidade” o personagem Lito e é claro uma bela tiração naquele que é o maior filmes deles até o momento.
Sense8 se mostrou pra mim como um alerta para a falta de empatia que temos nos dias de hoje, mostrou que a diversidade entre pessoas que são únicas é na verdade a plataforma para se construir um mundo mais tolerante, afinal por mais diferentes que somos temos que ter essa capacidade de se conectar a outras pessoas e saber respeitar essas diferenças.
Na série toda essa conexão e compreensão dos outros fazem que com eles sejam caçados e destruídos por uma organização que trabalha para manter o status quo… que analogia fantástica ao mundo que vivemos nos dias de hoje!
Aguardo a segunda temporada e espero que vocês gostem tanto desta primeira quanto eu gostei!