The Last of Us: Part 2

Review: The Last of Us Parte 2

Um dos jogos mais aguardados de 2020, The Last of Us: Parte 2 foi lançado no dia 19 de julho, depois de alguns adiamentos e é um game exclusivo para o PlayStation 4.

O game dessa vez trás Ellie como protagonista, papel que no primeiro jogo era de Joel, o que muda bastante o gameplay, uma vez que Ellie é agora uma jovem, bastante rápida e ágil. O mundo pós-pandêmico apresentado no primeiro título da série continua e mostra tanto a evolução dos infectados quanto dos humanos que não foram infectados e a construção de diferentes grupos e sociedades.

A série voltou ainda mais violenta do que antes, com muita atenção aos detalhes do cenário e às mutações apresentadas pelos infectados. Em relação à história, a Naughty Dog traz diversas surpresas e reviravoltas, mostrando diferentes perspectivas das decisões tomadas ao longo da trama.

Nós do Tudo Geek completamos a jornada de The Last of Us: Parte 2 e vamos trazer tudo sobre o game, que é um forte candidato a jogo do ano. Lembrando que se você não quer saber absolutamente nada sobre o jogo, pare aqui, pois a review contêm spoilers.

História

O enredo do game é surpreendente, ele mostra diferentes perspectivas e o usuário se vê em diferentes lados ao longo da história. É natural ter uma torcida pela protagonista, mas em muitos momentos essa lealdade é confrontada. Vale dizer que a história é muito bem amarrada e todos os detalhes importam.

Há muitos flashbacks que explicam falas e ações anteriores ao momento atual do jogo e outros que relembram acontecimentos e complementam algumas coisas que aconteceram no primeiro jogo. Desde os sustos com algum infectado até o choque com as revelações, todas as sensações do game estão bem interessantes.

O jogo se passa quatro anos após os acontecimentos do primeiro título da série. Para quem não jogou o The Last of Us, pegar a história no meio pode ser complicado, por isso recomendamos que jogue a primeira parte para entender todas as referências. Vale lembrar que é justamente a partir dos acontecimentos da reta final desse clássico que todo o enredo de The Last of Us: Parte 2 se desenvolve.

O jogo acontece num Estados Unidos pós-pandêmico, em que humanos infectados por um fungo até então desconhecido tiveram partes do cérebro modificadas, uma espécie de apocalipse zumbi. As pessoas que não foram infectadas tentam se organizar de diferentes formas, levando ao surgimento de diversos grupos.

Entre eles, estão os Vagalumes, paramilitares revolucionários que tomaram conta de algumas zonas de quarentena, delimitadas e controladas pela FEDRA, órgão do governo norte-americano, logo após o surto, quando a pandemia estourou. No jogo original, Joel e Ellie atravessam o país para levar a menina, imune, a um hospital dos Vagalumes em Salt Lake City, Utah, na tentativa de criar uma vacina e salvar a humanidade, o que não acontece.

Ellie agora com 18 anos e após os acontecimentos vividos no final de The Last of Us, ela e Joel vivem em Jackson, Wyoming, onde há uma grande comunidade que vive em paz.

A história começa com Joel contando para seu irmão Tommy, o que aconteceu após ele levar Ellie ao hospital dos Vagalumes, que é o fim do primeiro game. E podemos ver que isso muda radicalmente a relação entre Joel e Ellie.

Momentos depois somos apresentados a um novo grupo e uma nova personagem, de nome Abby, que está a procura de uma pessoa e nesta busca incessante, Abby acaba sendo encurralada por infectados e acaba sendo salva por Tommy e Joel.

Abby sugere que eles busquem abrigo onde o seu grupo está e ao chegar lá, descobre que um de seus salvadores é quem ela tanto procura. Abby e seu grupo partem pra cima de Joel e o atacam.

Sabendo do sumiço de Joel, Ellie parte para encontra-lo e quando ela o localiza, o encontra muito ferido. A garota tenta salva-lo, mas Abby e seu grupo conseguem neutraliza-la.

Em uma das cenas mais fortes de tristes do jogo, Ellie vê seu grande amigo e “pai”, Joel ser morto cruelmente sob seus olhos. Os assassinos de Joel deixam Tommy e Ellie vivos, mas os deixam desacordados.

Ellie e Tommy são encontrados e levados para Jackson, mas sem superar a cruel morte de Joel, Ellie se vê a caminho de Seattle, no norte dos Estados Unidos, em busca de vingança, deixando evidente que a jovem menina apresentada no primeiro título da série não é mais a mesma.

Gameplay

A jogabilidade foi ampliada e melhorada. A troca de Joel por Ellie enquanto principal personagem jogável dá mais agilidade em situações de risco e deixa a experiência até mais violenta. Diferentemente do primeiro jogo, agora podemos, além de andar abaixado, rastejar no chão e subir em diversos objetos e plataformas, afim de esconder de inimigos, ou planejar ataques surpresa, também podemos quebrar vidros e janelas, seja para coletar itens ou acessar locais. Mas o silêncio ainda é o melhor caminho, mas há diversas situações em que isso é impossível. Portanto, uma dica é explorar bem o ambiente para encontrar itens que possa coletar e transformar em medicamento, armas e munição.

Esses itens estão espalhados pelo mapa de forma bastante suave e é preciso ter atenção ao passar por todos os lugares. Fiquem atentos as informações espalhadas, pois elas são necessárias para acessar locais ou cofres, elas podem estar tanto no próprio cenário quanto em objetos encontrados pelo caminho, sendo interessante ficar de olho em todos os locais e procurar com calma. Mesmo após grandes conflitos game permite que o jogador consiga encontrar tudo que lhe pode ser útil no avançar do jogo.

Assim como na primeira parte da série, é possível melhorar seu armamento durante o jogo com peças encontradas pelo mapa. Ellie começa com poucas opções, mas vai expandindo ao longo do gameplay. Um ponto interessante é a disponibilidade de munição, que pode variar de acordo com a dificuldade escolhida, ou seja, quanto mais difícil, menos munição. De qualquer forma, as balas ficam espalhadas no ambiente e é preciso derrotar alguns inimigos em silêncio, ou ir se esgueirando pelo caminho para conseguir coletar itens e enfrentar os inimigos na bala.

Inimigos

Há diferentes tipos de infectados, desde aqueles mordidos mais recentemente até os que ficaram anos e anos vivendo com o fungo em seus corpos. Alguns podem ser combatidos de frente, mas outros precisam de uma abordagem mais silenciosa. Há casos ainda que é melhor fugir do confronto. De qualquer forma, a tensão máxima se dá com Espreitadores, infectados muito mais inteligentes e que conseguem despistar o modo escuta de Ellie para atacar.

Entre os humanos, há novos grupos como os Vagalumes, já conhecidos do primeiro jogo da série. Em um mundo pós-pandêmico, as comunidades criam regras próprias e fazem de tudo para proteger aos seus. Seja uma milícia armada ou uma seita religiosa, todos tentam derrubar Ellie a qualquer custo, já que desconhecidos totalmente conscientes são uma ameaça a essas organizações. Em Seattle, dois grupos disputam poder, são eles os Lobos ou WLF e os Cicatrizes ou Serafitas, diferente do que foi visto no título original com os Vagalumes, essa guerra “civil” serve de pano de fundo para o objetivo principal do jogo.

Outra novidade é a presença de cachorros, que podem farejar sua presença, revelar sua localização para seus humanos e ataca-lo, forçando o jogador a mudar constantemente de esconderijo. Mais uma vez, a dica é explorar bem o ambiente e usar os objetos encontrados a seu favor para despistar os inimigos.

Os inimigos também estão mais atentos e inteligentes, infectados agora parecem escutar mais, o que nos obriga a andar mais lentamente, já para inimigos humanos, ficar muito tempo parado pode não ser uma boa opção, eles vasculham todos os ambientes e ao localiza-lo, alertam os demais e sempre tentam cerca-lo.

Ambientação

O cenário pós-apocalíptico da série continua e aparece em diferentes roupagens. O jogo mostra desde montanhas cobertas de neve até praias. Ambientes mais úmidos têm diversas poças d’água que podem facilitar a vida dos Estaladores, infectados com uma espécie de “super-ouvido”, revelando a posição de Ellie no mapa. Já no calor e com sol, humanos não-infectados podem avistar a personagem sem dificuldade, sendo necessário redobrar os cuidados.

A cidade de Seattle, onde se passa a maior parte da história, está destruída não apenas por conta do surto, mas também pela guerra entre os diferentes grupos. Portanto, ruas quebradas e tomadas pela água, shoppings com rios em seu interior entre outros exemplos de domínio da natureza fazem parte da ambientação do jogo. O usuário pode explorar também a grama alta em alguns locais, uma forma interessante de se esconder para agir de maneira furtiva.

Os sons apresentados durante o jogo também fazem a diferença. Seja para revelar a posição de um Espreitador, que não aparece com facilidade no modo escuta de Ellie, ou apenas para imergir no mundo do jogo, vale a pena ouvir com calma tudo ao seu redor.

A violência com que a protagonista precisa matar infectados é mais um ponto que ganha força com o som, dando evidência a ruídos como o barulho dos “galhos” causados pelo fungo nos infectados quebrando ou até mesmo o esguicho de sangue ao cortar a garganta do inimigo. Para quem gosta de games realistas nesse sentido, The Last of Us: Parte 2 é um prato cheio.

Jogo rico de detalhes

Assim como aconteceu na primeira parte da série, o jogo da Naughty Dog explora muito bem os detalhes. No mapa, Ellie encontra não apenas mantimentos, mas também itens colecionáveis, anotando algumas impressões em seu diário, que podemos acompanhar para entender melhor o que se passa na cabeça da protagonista.

Os próprios infectados e suas diferentes formas ganham detalhes sutis, como a roupa utilizada, que, mesmo desgastada, indica diferentes posições na sociedade, podemos ver soldados da FEDRA, civis com roupas comuns, entre outros. Em alguns casos, após abatidos, eles derrubam itens como álcool, pano de tecido e munição.

Nos ambientes ainda é possível encontrar referências ao nosso mundo. Há consoles como PlayStation 3 e PS Vita, lembrando que o surto acontece em 2013, na narrativa do jogo e também outros jogos da desenvolvedora, como Uncharted 2. Também é possível ver capas de álbuns de bandas conhecidas e cartazes de filmes, além de quadros com planejamentos comerciais, por exemplo.

Uma novidade interessante, mas que faz pouca diferença para o gameplay, é a possibilidade de tocar violão, o que acontece em alguns momentos do jogo. Apesar de ser um detalhe, houve uma atenção especial dessa habilidade de Ellie, já que, além de músicas pré-determinadas, o usuário pode “praticar”, escolhendo entre os acordes dos diferentes campos harmônicos. Praticar violão afim de tocar alguma música conhecida não é lá uma tarefa fácil, pois é um pouco confuso controlar a mão direita, mas é interessante ver o cuidado com que esse ponto foi desenvolvido.

Conclusão

Para quem esperou sete anos para continuar a história de Joel e Ellie, The Last of Us: Parte 2 é um título obrigatório. Apesar de mudar bastante a percepção quanto aos protagonistas, o game surpreende no enredo e pode ser difícil parar de jogar em alguns momentos.

O gameplay, mais uma vez, é um ponto positivo, com mapa que parece um mundo semi-aberto e permite uma boa exploração, inimigos ainda mais difíceis de enfrentar, sendo necessário pensar com cuidado seus passos para derrotá-los.

A ambientação também merece destaque e o jogo permite uma grande imersão nesse mundo pós-pandêmico. Algumas referências ao mundo antigo encontradas ao longo do game são interessantes e vale a pena ficar de olho a avisos, posters e panfletos espalhados pelas paredes abandonadas após o surto.

Para quem gosta de desafios, escolher os modos mais difíceis vai ser mais agradável.

As reviravoltas chamam atenção ao longo da trama e o jogador vai ficar confuso em alguns momentos. Apesar disso, os flashbacks ajudam a entender melhor tudo que está acontecendo e até o que já aconteceu.

Apesar de ter dividido opiniões, a construção do enredo está ainda melhor em relação ao The Last of Us original e o usuário fica preso aos acontecimentos até o fim.