Especial PS Vita: de promissor a habitante do limbo

2012 foi o ano de início da jornada de um portátil vindouro e que muitos aguardavam ansiosamente. Mais precisamente o finalzinho de 2011 e início de 2012. Apelidado por mim de “PS3 portátil”, o Playstation Vita tinha como objetivo trilhar um caminho ainda melhor que seu antecessor, o Playstation Portable (PSP). Porém, como nem tudo são flores, o PS Vita tem trilhado um caminho particular e relativamente árduo, com pedras em seu caminho que o impedem de ser aquilo que prometeu.

Um início interessante

O PS Vita foi acompanhado em seu lançamento por alguns títulos legais, como Dynasty Warriors Next, Modnation Racers Road Trip, F1 2011, Ninja Gaiden Sigma Plus, dentre outros. Para um aparelho portátil, os games apresentavam uma qualidade muito boa, e mesmo ports, como F1 2011, davam uma ideia do que o hardware era capaz de gerar.

Grandes lançamentos se seguiram até os dias de hoje, com grandes franquias participando da vida do portátil. Jogos como Uncharted Golden Abyss faziam com que as esperanças para o console fossem ainda maiores. Anos de luz e de ótimos lançamentos fariam do Vita um concorrente à altura do maravilhoso Nintendo 3DS.

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Um legado difícil de se cumprir

Aos poucos, o PS Vita foi conquistando seu espaço mas, mesmo após receber jogos de peso, ainda disputa seu lugar ao sol ao lado do 3DS. É possível aproveitar bons títulos no portátil, como o próprio Uncharted Golden Abyss, Assassin’s Creed III Liberation, Virtua Tennis 4 e Gravity Rush. Ainda assim, o console parece não conseguir engatar uma nova marcha, e acaba ficando para trás na sua disputa com o concorrente nintendista.

Um dos pontos mais complicados para o PS Vita se encontra, até os dias de hoje, em sua biblioteca de jogos exclusivos. Não existem muitos títulos que sejam realmente uma exclusividade do portátil. Killzone Mercenary e Gravity Rush são exemplares de exclusivos de qualidade, mas jogos como Playstation All-Stars Battle Royale e Sly Cooper: Thieves in Time são jogos multiplataforma, pois é possível desfrutá-los em um PS3. Fica difícil chamar a atenção dessa maneira.

Playstation All-Stars Battle Royale
Playstation All-Stars Battle Royale

Para complicar ainda mais a situação, jogos importantes para o PS Vita foram portados em versões HD para consoles de mesa. Jogos que antes eram exclusivos, como Assassin’s Creed III Liberation e Batman Arkham Origins Blackgate (este sendo um chamativo também para o 3DS), hoje fazem parte da biblioteca de consoles como PS3 e Xbox 360. Compreensível que as desenvolvedoras tenham ampliado seu suporte dos jogos a outras plataformas com seus ports, mas a Sony deveria ter trabalhado mais para mantê-los apenas em seu console portátil. Querendo ou não, consoles precisam de jogos que possam ser “system sellers” (expressão usada para jogos que conseguem convencer o consumidor a adquirir um hardware para poder jogá-lo).

Pensando em possíveis falhas causais

Não somente a falta de jogos exclusivos sentenciaram o PS Vita a perambular pelo limbo dos videogames. Apesar de ter trazido um hardware poderoso para um portátil, a adição de um segundo analógico (jogar FPS no PSP era terrível!), telas touch dianteira e traseira, o PS Vita acabou prometendo funções revolucionárias, mas que na prática demonstraram ser apenas uma perfumaria.

O recurso Remote Play é o que mais me incomodou. Prometia permitir jogar diversos games de PS3 diretamente em no portátil. Oras, seria deveras interessante se eu pudesse jogar Killzone 3 enquanto estou deitado (sei que não é o jogo mais casual para jogar antes de dormir, mas é apenas um exemplo). O grande porém é que essa função precisava de suporte das desenvolvedoras dos games, logo nem todos ofereciam essa possibilidade. E em minhas jogatinas no PS4, fiquei frustrado ao ver que a conexão entre ele e o PS Vita fica instável, mesmo a minha conexão de internet sendo relativamente veloz. Lags e travadas monumentais atrapalham muito o Remote Play entre PS Vita e PS4, com a imagem chegando a ficar completamente deformada em alguns momentos. É sofrível.

PSVita_PS4_remote-play

Crise de identidade sem fim

Temos de admitir: nem mesmo a Sony sabe o que o PS Vita é. A própria dona do console já admitiu não saber o caminho que ele irá seguir. Com a chegada do PS4, essa dúvida se acentuou ainda mais. Afinal, o PS Vita é um console ou uma segunda tela para o novo gigante da Dona Sony? É difícil para mim dizer.

Sem o suporte de produtoras third parties de peso, o PS Vita acaba solto no limbo, sem saber para onde ir. Nunca pecou, mas também não consegue realizar algo digno de seu potencial. Seria interessante ver franquias como Battlefield, God of War e Call of Duty (me recuso a considerar Black Ops Declassified como parte da franquia CoD) ancorarem no console portátil da Sony e demonstrarem o porquê de sua existência.

Eu sempre penso que poderiam ter utilizado um outro nome para o portátil. Em uma época em que diversas mídias de entretenimento têm em seus títulos numerações, indicando que são continuações, talvez a gigante japonesa teria atraído mais consumidores para o seu novo portátil ao utilizar o nome Playstation Portable 2, ou simplesmente PSP2.Por que não, não é mesmo?

Torcendo por você, Vita!

Particularmente falando, sou feliz de ser dono de um PS Vita. Me divirto bastante com os poucos jogos que desfruto nele, mas tenho esperança de ver títulos grandiosos chegarem a ele, e com exclusividade permanente.
Quem sabe um dia as pessoas irão enxergar o verdadeiro potencial do Vita, não é mesmo? E quando esse dia chegar, aplaudirei de pé.

Grande abraço a todos e até o próximo texto.

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