Algumas franquias já se estabeleceram no mercado de jogos com suas numerações anuais. Jogos de esporte tem essa tendência e, apesar de eu ser contra a venda de um jogo com modificações relativamente pequenas, entendo que os fãs fervorosos de jogos como FIFA, PES, NBA, dentre outros, compram tais lançamentos com suas “novidades”. Jogos desse estilo eu até entendo. São esportes dinâmicos. Elencos mudam, e time se modificam muito. Eu aceitaria uma atualização via DLC, mas tudo bem se você comprou FIFA 15 e já está juntando dinheiro para o FIFA 16.
O grande problema de franquias anualizadas é que, muitas vezes, aquilo que impressionaria o jogador se perde. As inovações são mínimas, os enredos são atropelados ou minimalistas, os visuais são basicamente variações estéticas, sem nenhum avanço significativo. Claro que grandes franquias arrebentam nas vendas, mesmo não trazendo muitas inovações. Mas muitos jogadores acabam se cansando, e o que antes era um sucesso, pode se tornar enfadonho, e as chances de ser um fracasso aumentam.
Exemplificando
Não há como falar desse assunto sem trazer à luz alguns exemplos de jogos anualizados. Temos belos exemplos, como as franquias Assassin’s Creed e Call of Duty. AC, por exemplo, chegou a ter dois jogos lançados em 2014, com AC Unity e AC Rogue. A vontade da produtora, a Ubisoft, de tirar o leite dessa vaca é tão avassaladora que eles conseguiram a proeza de lançar dois jogos da mesma franquia no mesmo ano, e no mesmo período. Agradar a gregos e troianos? Não creio nisso. E qual o resultado disso? Tivemos com Assassin’s Creed Unity (carinhosamente apelidado por mim de Bugity) um dos fiascos do ano de 2014. Não quero dizer que o jogo é ruim. Longe disso. Mas o desempenho técnico do jogo foi terrivelmente comprometido pela pressa da produtora em lançar o game. Assim fica difícil, né?
E temos o belo exemplo de Call of Duty. Coisas que temos certeza: vamos morrer um dia e vai sair um Call of Duty novo esse ano. Repita esse pensamento ano que vem, e ele funcionará numa boa. O que teremos para esse ano é Call of Duty Black Ops 3. E assim a Activision consegue suprir a demanda de seus fãs por uma continuação numerada de um jogo da série. O que podemos esperar de BO3? Invadir locais em câmera lenta, controlar um robô durante um trecho de uma fase específica, sensação de “quase morte” do protagonista e as mortes no modo multiplayer em que você se pergunta “como que eu morri com um tiro?”. Essa é a receita do bolo. Admito que eu gosto desse bolo, apesar de enjoado. Citei apenas dois exemplos, mas existem outras franquias que se encaixam perfeitamente aqui, como as séries LEGO, Dead or Alive, Dynasty Warrios e Need for Speed.
Tem que deixar respirar
Quando Grand Theft Auto IV chegou ao mercado, os jogadores entraram em frenesi. O game era simplesmente lindo, indo muito além de qualquer GTA já lançado. Lançado em 2008, um novo jogo da franquia GTA só veio a ser lançado em 2013, com Grand Thef Auto V, um dos maiores sucessos da história do entretenimento eletrônico. O game impactou os jogadores com sua narrativa, feita através de três protagonistas; por seu conteúdo gigantesco de coisas a se fazer em um dos maiores mapas da série (se não for o maior, devo dizer); os gráficos extremamente caprichados; o modo online repleto de missões e modos competitivos e cooperativos para serem jogados com sua “gangue” de amigos.
E que tivemos nesse meio tempo? O faroeste mais magnífico e memorável dos videogames: Red Dead Redemption. Todo gamer que se preze pede à Rockstar uma continuação para seu aclamado bangue-bangue, mas a produtora sabe que grandes projetos não podem ser produzidos da noite para o dia. O padrão da empresa é de um nível acima do normal, do aceitável. Não me lembro de ter visto a Rockstar falhar na geração PS3 e XBox 360. Mas por que? Porque ela sabe que a pressa é inimiga da perfeição. Há de ser dito que a mesma tem prejuízos por não ter lançamentos anuais de suas grandes franquias. Mas e daí? GTA V já se pagou, e atualmente é uma das fontes de renda principais do estúdio. Sabe-se lá quando teremos um novo GTA, e isso é ótimo. Tenho certeza que o próximo será inovador e irá me fazer cair o queixo, assim como o V fez.
Rockstar, Naughty Dog, 343 Industries (agora produtora da franquia Halo), Quantic Dream, Bethesda. Estes são alguns exemplos de produtoras que eu não tenho medo algum de me decepcionar. Confio cegamente em seus trabalhos.
A demanda dita o mercado
Eu não estou aqui para dizer que jogos anualizados são ruins, ou que devessem acabar. Apenas acho que seria melhor para os gamers esperarem mais tempo por sua franquia favorita. As surpresas são maiores, assim como as inovações. Há também de se entender que é possível criar um hype maior quando se há uma espera maior. Esperar faz parte.
Mas não podemos deixar de lado o mercado. Se há a demanda, o produto deve chegar. Vou exemplificar com números de unidades totais de Call of Duty. É um bom exemplo. O título de maior sucesso da franquia foi Modern Warfare 3, com 26,5 milhões de unidades vendidas. As vendas totais dos títulos ficam acima dos 15 milhões de unidades, e isso sendo pessimista. Todos os jogos da franquia renderam 10 bilhões de dólares à Activision. É muito dinheiro. E se há consumidores que vão manter essa legado, então não há porque parar de lançar novos títulos anualmente. Infelizmente, a escassez de novidade vem junto com o pacote, mas há consumidores para esse produto, independentemente de suas características.
Bem pessoal, é isso. Lembrem-se de que tudo aqui é apenas a minha opinião. Não se esqueçam de comentar e deixar o conhecimento e a opinião de vocês sobre o assunto. Grande abraço e nos vemos no próximo texto.