Assassin’s Creed Shadows: Por Que Naoe Rouba a Cena em um Japão Feudal Cheio de Segredos (e Onde Yasuke Falha)

Em Assassin's Creed Shadows, a shinobi Naoe brilha com stealth dinâmico e parkour fluido, mas Yasuke decepciona em combate. Analisamos a dualidade de protagonistas, o Japão feudal sazonal e os altos e baixos narrativos deste capítulo ambicioso da Ubisoft.

Assassin’s Creed Shadows: Naoe Brilha, Yasuke Tropeça e o Japão Feudal Encanta em Análise Detalhada

Em Assassin’s Creed Shadows, a Ubisoft Quebec entrega uma experiência ambiciosa ao mergulhar no Japão do século XVI, mas com uma dualidade que divide opiniões: enquanto a shinobi Naoe se destaca como um dos melhores protagonistas da série em anos, o samurai Yasuke fica aquém do esperado, levantando debates sobre a escolha de dois personagens jogáveis. Em uma análise exclusiva do Portal VagaNerd, exploramos os altos e baixos deste novo capítulo, desde a jogabilidade inovadora até os tropeços narrativos.

Naoe vs. Yasuke: O Equilíbrio (Des)necessário

A jornada de 50 horas de Shadows começa com Naoe, uma shinobi marcada por uma cicatriz simbólica que se cura conforme a trama avança — uma metáfora visual poderosa sobre superação e redenção. Sua gameplay é a essência aprimorada do Assassin’s Creed: stealth inteligente, parkour fluido e combate tático. Com ferramentas clássicas (como a lâmina oculta) e novidades (gancho de escalada e mecânicas de furtividade subaquática), Naoe personifica a tríade da série: infiltração, movimento e estratégia.

Já Yasuke, baseado no histórico guerreiro africano, decepciona. Restrito ao combate direto, ele não usa parkour, quase não pratica stealth e depende de um sistema de batalha que ainda não rivaliza com jogos focados em ação. Suas missões obrigatórias até têm momentos cinematográficos (como embates épicos com trilha sonora pulsante), mas a falta de profundidade em suas mecânicas o torna secundário. A ironia? A Ubisoft quase o torna dispensável: 80% do jogo permite escolher entre os protagonistas, e a maioria dos jogadores optará por Naoe.

Stealth Sazonal: Como o Japão Dinâmico Transforma a Jogabilidade

O maior trunfo de Shadows está na dinâmica das estações, que alteram não só a paisagem, mas a estratégia. Na primavera, lagos são rotas secretas; no inverno, congelam e viram plataformas. Tempestades de outubro abafam sons, enquanto nevascas reduzem a visibilidade. Até os NPCs reagem: no frio, aglomeram-se em interiores. Para Naoe, cada missão vira um quebra-cabeça adaptável — já Yasuke só sabe avançar na porrada.

A inteligência dos inimigos também surpreende: se encontrarem corpos, alertam a tropa e perseguem Naoe até nos telhados (graças a pistas como kunais deixadas para trás). Ela até segura bem combates curtos, mas grupos grandes a sobrecarregam, exigindo planejamento. Já Yasuke, com vida extra e bloqueio automático, vira um “tanque” sem desafio.

Narrativa Fragmentada: Uma Teia de Vingança sem Foco

A trama de Shadows peca ao dividir-se entre a caça de Naoe a figuras mascaradas (que roubaram um misterioso baú) e a relação dela com Yasuke. Enquanto Odyssey entrelaçava alvos em uma teia coesa, aqui as investigações são isoladas, sem conexão clara. Alguns vilões até confessam não saber o motivo de estarem envolvidos, esvaziando a urgência da missão.

Os momentos mais fortes estão nos diálogos entre os protagonistas: Yasuke compartilha visões do mundo exterior, e Naoe questiona sua sede de vingança. No entanto, o desenvolvimento deles é irregular — Yasuke só ganha motivação própria no ato final, e a ligação com a Irmandade dos Assassinos (que mal existe no Japão isolado) parece forçada.

O Japão Feudal: Beleza Familiar, Mas Bem Executada

Se o cenário não é tão único quanto o Egito de Origins, a Quebec compensa com detalhes vibrantes. Vilarejos mostram plantações crescendo conforme as estações, e castelos são labirintos verticais perfeitos para o parkour de Naoe. A exploração é recompensadora, mesmo sem a novidade histórica de outros títulos.

Veredito: Naoe Merecia um Jogo Só Para Ela

Assassin’s Creed Shadows é divertido, mas sua dualidade soa mais como um experimento arriscado do que uma evolução. Enquanto Naoe revitaliza a fórmula com stealth estratégico e mobilidade, Yasuke arrasta a experiência para um combate genérico. Ainda assim, fica a pergunta: e se a Ubisoft focasse apenas na shinobi? A resposta está nas 35 horas de puro prazer de jogar com ela — um sinal de que o futuro da série pode estar em protagonistas únicos e bem lapidados.

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