Dois anos após seu lançamento original para Wii, Wii U e 3DS, Sonic Lost World chegou de surpresa aos PCs. Infelizmente, o título não aproveita tudo que a plataforma pode oferecer, e Sonic acaba derrapando feio em sua aventura pelo Lost Hex.
Os Deadly Six, o Lost Hex e a bula de remédio
Em um embate ao lado de Tails contra o Dr. Eggman, Sonic e seu amigo acabam sobrevoando e encontrando o mundo de Lost Hex. Em meio às nuvens e a uma fumaça preta vinda do avião de Tails, eles acabam pousando em Lost Hex, para então dar início à aventura contra Eggman e os Deadly Six.
Deadly Six é o grupo maléfico composto por seis criaturas do mal. Todas são estereotipadas, indo do deprimido que não gosta da vida, passando pelo gordinho comilão e cheio de força, e chegando à bela maléfica que apela porque quebrou uma unha. Nenhum dos personagens traz carisma, e isso se acentua pelas péssimas dublagem e interpretação. Os diálogos também não são inspiradores ou divertidos, fazendo piadas sem graça e que todos já conhecem. Um humor típico para crianças, mas que em Sonic Lost World simplesmente não se encaixa. Sonic, Tails e Eggman também não acrescentam muito à trama, fazendo o gosto pelo ouriço azul ficar a um passo do abismo, graças à sua arrogância, chatice e piadas sem graça. Incrível como um personagem tão querido dos games se tornou tão irritante.
O enredo em si é deprimente, visto que nada é novo. Eggman tenta controlar os Deadly Six para criar robôs do mal e destruir Sonic, enquanto os Deadly Six tentam escapar do controle do bigodudo para sugar a vida do planeta de origem de Sonic. As cutscenes e a interação dos personagens nas mesmas são terríveis quando o assunto é a trama. Já no visual, todas são muito bonitas. Um contraste não muito legal, devo dizer. A bem da verdade, Sonic Lost World tem uma história tão interessante quanto uma bula de remédio.
Mesclando passado e presente
Sonic Lost World traz três perspectivas de jogabilidade, que alternam entre o 2D e o 3D, além de um ângulo de câmera e estilo semelhante ao de Super Mario Galaxy, de Wii. Todos os três estilos oferecem bons momentos, com os dois estilos 3D trazendo um ar mais moderno ao game, e o estilo 2D apelando de forma competente para a nostalgia dos jogadores que são fãs dos jogos do ouriço azul.
Os cenários são bem variados, e apresentam localidades lindas. Florestas, cavernas e áreas tropicais são apenas alguns dos cenários que visitamos durante a jogatina. O visual cartunesco e extremamente colorido do game é, de fato, belíssimo, e aviva todos os aspectos de design dos cenários.
Infelizmente, nem tudo funciona da maneira como deveria. O desafio de Sonic Lost World é completamente desbalanceado, mesclando fases extremamente difíceis com outras ridículas de tão fáceis. É normal haver aumento na dificuldade dos games conforme progredimos, mas em Sonic Lost World, o desafio não segue uma progressão gradual, mas sim uma oscilação que faz o jogador se frustrar com facilidade. Mesmo dentro das fases o desafio pode ser desequilibrado, contendo um início fácil, um meio complexo e um final ainda mais fácil.
As lutas contra os chefes são terríveis. Todas elas são extremamente fáceis e simples. O que era para ser um desafio maior, como estamos acostumados em jogos de aventura que adotam um estilo parecido com o de Lost World, acaba se tornando algo enfadonho e chato de se completar. É como se o jogo risse da cara do jogador. Ou como se os chefes fossem projetados para jogadores de pouca idade, o que é estranho, visto que muitas fases claramente não são feitas para um público infanto-juvenil.
Jogabilidade estranha
Os controles também não são um ponto forte do game. É comum querer pular em uma direção e Sonic acabar atacando um inimigo. Um pouco disso se encontra no pressionar duplo do botão de pulo, é verdade, o que acaba exigindo ainda mais concentração dos jogadores, que já precisa se preocupar com a câmera incontrolável e extremamente inconveniente.
As fases em Sonic Lost World possuem um aspecto semi-linear. Os caminhos para se completar níveis com jogabilidade semelhante a Super Mario Galaxy (os níveis são como “planetoides” que permitem uma liberdade maior) são pre-determinados, mas existe uma dose de exploração em cada área de tais níveis. Porém, tudo acaba prejudicado por um cronômetro que não possui tempo o suficiente para exploração completa, assim como a inconveniente mania do jogo fazer com que os jogadores progridam sem que eles queiram, somente porque se aproximaram de um “trampolim” que os arremessa para outra parte. Se a ideia é completar a fase de maneira rápida, é só jogar o modo Time Trial. Não necessita esse controle durante o “Modo Normal” de jogo.
Subaproveitado no PC
Não que Sonic Lost World seja feio, pois definitivamente não é. Mas os gráficos parecem não ter recebido o tratamento devido durante o port para PC. Ainda que o desempenho técnico seja louvável, considerando que eu não tenha encontrado nenhum bug durante minhas sessões de jogo, o visual do game mescla suas cores e designs lindíssimos com a presença de serrilhados em qualquer elemento dos cenários, assim como nos personagens. Faltou um capricho maior na produção de imagens mais suavizadas, fazendo parecer que não houve nenhuma evolução no game se comparado com sua versão de Wii U.
O melhor teria sido se aposentar
Sonic Lost World não faz jus à reputação do ouriço azul da Sega. Sua história é chata, seus personagens não possuem carisma e a jogabilidade é confusa. Bons designs de fases e lindos visuais se perdem em meio a tantos pontos negativos. Talvez teria sido mais conveniente e respeitável para Sonic que ele tivesse parado sua vida de aventureiro nos games no competente Sonic Generations.
Título: Sonic Lost World
Gênero: Aventura
Desenvolvedora: Sonic Team
Distribuidora: SEGA
Data de lançamento: 2/nov/2015
Também disponível para: Wii, Wii U e Nintendo 3DS